segunda-feira, 28 de julho de 2014



 A carta

A carta que não foi escrita
Mas foi lida

Na passagem para o sonho
medonho
estranho

Conteúdo alterado
O contrário do que foi pensado
e não escrito

como um grito
dado para dentro
no avesso

Estremeço
com o pensamento
de que no sonho

medonho
estranho

quem a leu
possa ter sido
quem a concebeu.



 O fim


Nada a dizer
Sem nada mais a falar
O silêncio de um minuto
Resumo de uma vida.

Está aberta a ferida!



 Quatro Estações


Se envelheço
Não me apercebo
Esqueço
Não vejo
Não vi

Vivo como se ainda fosse
Primavera
Quem dera o outono
Não sucedesse o verão
E o frio inverno não trouxesse
O vento
A chuva
O nevoeiro

O espelho mostra os sinais

Muitos verão
Já viram
Veem
Só eu
Não

Me vejo com os olhos da alma
Rejuvenescida
Ainda em plena primavera
Esperando o sol chegar
Para viver
Outras estações.



 Jardineiro sonhador


Diante da imensa beleza
Daquela flor em botão
Eu me fiz jardim

Cultivador
Acolhedor

Jardineiro de mim
Mesmo

Cuidador
Sonhador

Sonhando a esmo
Em ser um dia
Possuidor
De toda aquela beleza
Que irá desabrochar
Só para mim

O BRASIL E AS COPAS

1958
Na fria Suécia
O Brasil esquenta a bola
Ouvido colado no rádio
O locutor a narrar
É gol...É gol...É gol
O Brasil foi la buscar
É campeão...É Campeão
Campeão do mundo

1962
Sem Pelé
Mané comanda o espetáculo
Nos gramados de Santiago
Que diabo de anjo
Que diabo de pernas
Anjo torto vidas tortas
Entorta o adversário
E o Brasil passa ao largo
É bi! É BI! É bicampeão
Campeão do mundo
Pela segunda vez!

1970
Agora ao vivo e em cores pela tevê
Noventa milhões podem ver
Em Guadalajara
O mundo se render
A um canarinho do rei
Levar pra casa de vez
Um caneco que vale ouro
Em coro explode a torcida
Num grito preso na garganta
O Brasil é tricampeão!

1994
Desde então
Só tivemos o gosto de ver
De novo o Brasil vencer
Ser campeão outra vez
Na terra do Tio Sam
Seis copas depois
A torcida se inflama
E novamente solta
O grito preso na garganta
É tetra...é tetra...é tetra!
Tetracampeão.



1998
Depois da França
De triste lembrança
O povo senta para esperar o penta
Cada copa uma esperança
Nos anos noventa
Não ventou mais prós lado de cá
Entra o novo milênio
O Brasil tenta, tenta
E nada de penta
Técnico entra
Técnico cai
Ai meu Deus que desespero
Quem sabe o vento volte a soprar
Pró lado de cá.

2002
Até que enfim
O povo lava a alma
Está salva a seleção
Foi buscar no distante Japão
Do outro lado do mundo
O que só ela podia fazer
Para o povo brasileiro vibrar
Soltar de vez a voz
É penta...é penta...é penta
Mais uma vez campeão
Arrebenta o coração

2006
Já pensando no hexa
Essa foi de lascar
No caminho há uma França
Uma França no caminho
Que não deixa o Brasil passar
Essa só sabe azarar
Quando não leva
Não deixa levar

2010
Agora aguenta coração
Solta a emoção
Vamos torcer com vontade
Na terra dos orixás
esse hexa nós vamos buscar.
Também não foi la
Adiada a comemoração
Segura a emoção
Vamos aguardar



2014
Quatro anos depois
Parece que chegou a vez de gritar
É hexa...é hexa...é hexa campeão
Trouxemos a Copa pra cá
Mas não teve jeito
A Alemanha veio buscar
E tivemos de adiar mais uma vez
O grito que não quer calar
E mais uma vez
Vamos sufocar

E desse jeito inevitável
Só nos resta jogar
Para quatro anos depois
A esperança de que dessa vez
Na terra da vodca e do czar
Possamos, finalmente comemorar
Esse Hexa bendito
Que tem nos custado
Tantas lágrimas de frustração
E uma boa dose de paciência
Para esperar que
De quatro em quatro
Um dia a gente chegue lá!


quinta-feira, 10 de abril de 2014

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HAIKAI DE PARACURU
um lagarto do mar
na direção do vento vai
se alimentar de areia

HAIKAI DO PICOLEZEIRO I
todo verão a esperar
picolé chamado José
acaba de chegar

HAIKAI DO PICOLEZEIRO II
primavera chegar
picolé chamado José
quem quer quem quer comprar

HAIKAI
o néctar do beijo
de flor em flor, borboleta
colhe e dissipa
-->


HAIKAI DA MARIA I
aniversário passou
velas acesas velas apagadas
independente de data

HAIKAI DA MARIA II
sem tempo ou distância
perto longe só uma instância
o livro me ensinou
 
HAIKAI DA MARIA III
a amizade ficou
independente de tudo
como um bem sortudo

haikai da maria i

-->
Do meu próprio punho

Do meu próprio punho
da minha própria cabeça pensante
no instante mesmo
em que me vejo
mais uma vez
pensando em tanta coisa
que quero
preciso
desejo
lhe falar com palavras escritas
ditas
ditadas com o coração
pensadas com a cabeça prenhe de ideias

dizer da delícia que é
ser sua
ter o seu amor
a sua companhia
dormir sentindo o calor do seu corpo
colado ao meu
acordar e ver que a realidade se impõe
além do sonho
e você, ainda a dormir,
está mesmo
de carne e osso
ali ao lado

sentir sua respiração calma
ver sua expressão serena, tranquila
de alguém totalmente entregue ao sono
confiante no amor de alguém
com quem divide a cama, a noite, a vida

Vida a que
você trouxe sorriso
alegrou

Vida a que
você deu cor
coloriu

Vida a que
você deu luz
iluminou


SOBRE A ARTE
A arte não tem compromisso com a sanidade
A arte é a loucura que se manifesta
Em tons, cores e formas
como frutos dos desvarios
de mentes em delírio.


A arte não tem compromisso com a realidade
a arte é a manifestação do sonho
passado vivido sentido
no limiar da loucura em que mergulha
o gênio no ato de criar


a arte não tem compromisso com a verdade
a arte é a mentira travestida
contada em verso proza
esculpida em pedra
reinventada em cores
dores ardores amores
no ato de criar






Amável Sobrinha


AS QUATRO ESTAÇÕES
Se envelheço
não me apercebo
esqueço
não vejo
não vi

Vivo como se ainda fosse
primavera
quem dera o outono
não sucedesse o verão
e o frio inverno não trouxesse
o vento
a chuva
o nevoeiro
que o espelho
mostra os sinais
muitos verão
já viram
veem
só eu
não

Me vejo com os olhos da alma
rejuvenescida
ainda em plena primavera
esperando o sol chegar
para viver
outras estações.





Jardineiro Sonhador
Diante da imensa beleza 
 
Daquela flor em botão

Eu me fiz jardim

 
Cultivador

Acolhedor


Jardineiro de mim
 
Mesmo

Cuidador

Sonhador

 
Sonhando a esmo 
  
Em ser um dia

Possuidor 
 
De toda aquela beleza 
 
Que irá desabrochar

Só para mim




Aquela carta

Lembra daquela carta
Aquela tal que não foi escrita
(Mais que foi lida)?

Ainda grita ao meu ouvido
Pedindo pra passar
Da minha cabeça
Direto para o papel
Tudo que o coração sente
E o corpo treme de emoção
Só de pensar
Mas que a boca não tem
Coragem de revelar

Como se fosse mais fácil
Gravar em tinta
Na branca superfície
Retangular
Por sobre a horizontalidade
De tênues linhas pretas
Com todas as letras
Esse sentimento profundo
Que em todo o mundo
Não existe igual

Ele ainda vai pousar um dia
Naquela tal que não foi escrita
Como se fosse
Vento de temporal
O mar batendo no penhasco

Ou na calma de um dia sereno
No ritmo da chuva de inverno
Batendo na vidraça
Achando graça de tudo
De cara pro mundo
No orgulho que estufa o peito
E esquenta o leito
Feito para se aninhar
Como passarinhos
Alegres a arrulhar

Juro que ainda vai ser escrita
Essa bendita!



-->


A CARTA
A carta que não foi escrita
Mas foi lida

Na passagem para o sonho


medonho

estranho

maldito


Conteúdo alterado

O contrário do que

foi pensado

e não dito


como um grito 
 
dado para dentro

no avesso


Estremeço 
 
com o pensamento 
 
de que no sonho


medonho

estranho

maldito


quem a leu

possa ter sido 
  
também

quem a concebeu.




HAIKAI

nas manhãs de chover
por entre nuvens pesadas
sol quer aparecer


Vergonha nacional

Eu sou a vergonha nacional
Eu sou a tal

A tal Ovelha Negra
Que mata de vergonha
A nação família

Filha, pai, mãe, sobrinha, tia, irmã
O clã inteiro
Sonha ver no espelho
A imagem esperada
Desejada

Basta uma pedrada
Ele quebra em mil pedaços
Nos cacos espalhados pelo chão
Da família envergonhada
Pode-se ver os reflexos

Sem nexos
Sem sexos
Nada de amplexos

Sem complexos
de(s)culpa
Eu quero mesmo ser a vergonha

Para quem não viveu 
 
E tenta impedir 
 
Que a vida sorria
 
Para quem 
 
Eterno aprendiz

Feliz 
 
Não tem medo de ser

de viver

por um triz

Nascer
Morrer
Nada mais natural!



quinta-feira, 6 de março de 2014



 Teu corpo



Do teu corpo nu
Emana uma luz intensa
Que me ofusca e me encanta

Umas vezes

Como um sol que se levanta
Por detrás das montanhas sinuosas
Do teu corpo
Em êxtase

Noutras 

Como um sol que mergulha
Nas entranhas dos vales
Úmidos e férteis
Do teu corpo em repouso
Após o gozo.










 Ao meu pai

Cansado de se debater
Pelos quatro cantos da casa
Deu asas à imaginação
e foi extravasar sua dor
Pela imensidão...





NA.  Ao meu amado pai que voou para outra dimensão no dia 21 de fevereiro de 2012. Saudades eternas.


 Sobre a arte



A arte não tem compromisso com a sanidade
A arte é a loucura que se manifesta
Em tons, cores e formas
como frutos dos desvarios
de mentes em delírio.









 Quatro Estações


Se envelheço
Não me apercebo
Esqueço
Não vejo
Não vi

Vivo como se ainda fosse
Primavera
Quem dera o outono
Não sucedesse o verão
E o frio inverno não trouxesse
O vento
A chuva
O nevoeiro

O espelho
Mostra os sinais

Muitos verão
Já viram
Veem
Só eu
Não

Me vejo com os olhos da alma
Rejuvenescida
Ainda em plena primavera
Esperando o sol chegar
Para viver
Outras estações.



 Do meu próprio punho


Do meu próprio punho
da minha própria cabeça pensante
no instante mesmo
em que me vejo
mais uma vez
pensando em tanta coisa
que quero
preciso
desejo
lhe falar com palavras escritas
ditas
ditadas com o coração
pensadas com a cabeça prenhe de ideias

dizer da delícia que é
ser sua
ter o seu amor
a sua companhia

dormir sentindo o calor do seu corpo
colado ao meu

acordar e ver que a realidade se impõe
além do sonho
e você, inda a dormir,
está mesmo
de carne e osso
ali ao lado

sentir sua respiração calma
ver sua expressão serena, tranquila
de alguém totalmente entregue ao sono
confiante no amor de alguém
com quem divide a cama, a noite, a vida

Vida a que
você trouxe sorriso
alegrou

Vida a que
você deu cor
coloriu

Vida a que
você deu luz
iluminou