sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Meu doce querer

Você é doce de lamber os beiços
É pãozinho de queijo que se come quente
Você é fruta madura que se rouba do pé
Do quintal do vizinho para a mesa
De quem deseja e quer

Minha fé
Minha fantasia
Minha oração
Você é santa profana
E me enche de paixão

Você é vinho que faz meu sangue ferver
É veneno que se toma sorrindo e mata sem doer
Calmante pra sonhar e adormecer
É adrenalina que acelera e faz bater mais forte
Dentro do peito o coração


Meu sossego
Meu consolo
Minha vocação
Pra ter você nos meus braços
Enfrento até o cão

Meu arroz com feijão
Baião de dois com paçoca
Alimenta meu corpo quando chega e me almoça
Me atiça e me alvoroça quando se enrosca
E tira o fôlego até quase me matar
Manga rosa de chupar até o caroço
E deixar no pescoço
As marcas da paixão

Minha gula
Meu vício
Meu pecado capital
Meu desejo incontido
Minha porção animal

Sal da vida
Pura poesia
Musa da minha inspiração
Quero adormecer nos seus braços
E acordar na canção

sábado, 19 de dezembro de 2009

QUADRADO MÁGICO

Como se fosse mágica
Todo mundo vira criança
Brinca de pega-pega
Mata-mata

Na corda
Pula quem é bamba
Para dar um show

De cintura em cintura
O bambolê vence pelo cansaço
Estou um bagaço
O que faço?

Uma parada pra relaxar

A essa altura do campeonato
É melhor sair do anonimato
Assumir a verdadeira identidade
Sem alarde!
Sem importar a idade
Vivacidade
Liberdade de ser e fazer
Tudo parece brincadeira
Mas é sério
Mistério!

No silêncio
O que a boca cala
Os gestos falam mais alto

Mãos que se apertam
Acariciam

Pés se tocam
Se enroscam

Braços que abraçam
Amparam

Aquele ombro amigo
Pra chorar as mágoas
Águas passadas

O colo que oferece abrigo
Sem perigo
Todo proteção
Sentindo in útero
Regressão

Tudo é permitido
Tudo faz sentido

O palhaço deixa cair a máscara
Declara a sua emoção

A saudade arde
O coração ferve
O peito arfa
As recordações se perdem
Se espalham
Acham o caminho de casa
Refugiados no canto da sala
Pedem proteção
Se embaralham
Como fios soltos de um novelo
Vão abrindo espaço
No cotovelo

Com desvelo
Alguém baixinho canta uma canção
Se rendendo à emoção
Que se instala
A cada nova situação

Por detrás da cortina
Surge o artista

Se vista depressa
Chegou a sua vez!

O que foi que você fez?

Quem sou eu?
Quem é você?
Quem somos nós?

Desata os nós
Aperta os laços
Vem de lá um abraço!

Da cabeça aos pés
Descalços em toda a sua nudez
To dando o maior dez

Cortês o arlequim
Conquista a colombina
Uma rosa made in china

Do fundo do baú das ilusões
Recordações esquecidas
Você foi buscar
Sem sentir
No mundo do faz de conta

Traída pelo inconsciente
Daquele iceberg que nunca vem à tona
Além de uma pequena ponta
De pouca monta
Registros de velhas histórias
Memórias preservadas
No mais fundo do ser
Posso ver!

Naquele papel amarelado amarrotado
Um velho bilhete guarda o perfume
Desperta velhas e esquecidas emoções

Aquela fotografia
Que você nem desconfia
Foi salva da fúria destrutiva
Do seu ciúme exagerado
Amarelou com o tempo
Mas ainda guarda segredos
Nunca revelados

A música
O ambiente
O clima
Tudo preparado no capricho
Deixam cair as reservas
É preciso evitar buchicho

Quando a luz volta a acender
Da pra ver!
A lucidez se apaga
Espanta os sonhos
Que tristonhos despertam pra realidade
Tange para longe os pensamentos
Que inquietos
Voltam a habitar
Estranhos e ocultos mundos
Que ninguém sabe como encontrar

Voltam ao nada de antes

Quem você pensa que é?
Mais um palhaço no seu carnaval
Talvez um rival
Quem sabe!

Na festa dos horrores
Atores motivados
Desempenham seu papel
Ao sabor dos humores
Vestem as suas fantasias
E como num tropel
Correm sem direção
A caminho do céu de suas vidas
Alguém duvida?

Enquanto isso o mestre de cerimônia anuncia:
Respeitável público
O espetáculo vai começar!

E durante todo tempo
Alguém que finge brincar
A tudo observa
Do alto da sua ciência
Paciência!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O imã

Procurando o seu olhar
Na luz branca que ofusca
A minha percepção de realidade
E traz a ilusão de ter você
No fugaz momento
Do prazer
Procurando o seu corpo
Que anseio
Nas teclas brancas
Que deslizam sob as minhas mãos
Ávidas e sequiosas de você
Embaralhando as letras
Atropeladamente
Na tentativa de superar
Os limites físicos da sua ausência
Para compor com palavras
Frases que transmitam
O que todo o meu corpo sente
e a minha garganta quer soltar
num grito de prazer
Maior que a distância
Que parece nos separar
Mas que estranhamente
Age com a força de um imã gigante
Que a mente controla
Mas não consegue anular!

MARAZÁIA


Marazáia Mareado Maresia
É de noite. É de dia
Marazáia Mareado Maresia
É de noite. É de dia

Viajar nas asas da alegria
Por caminhos sem porteira
Assim meio de bobeira
Ultrapassando a fronteira
Do campo do sonho e da fantasia

Marazáia Mareado Maresia
É de noite. É de dia
Marazáia Mareado Maresia
É de noite. É de dia

Mergulhar na embriaguês da folia
Vida boa sem besteira
Assim meio de zonzeira
Solta sem eira nem beira
No ritmo do som e da poesia

Marazáia Mareado Maresia
É de noite. É de dia
Marazáia Mareado Maresia
É de noite. É de dia

Navegar as águas da magia
No balanço da traineira
Assim meio de tonteira
Amando de qualquer maneira
No tempo do sol e da ventania

Marazáia Mareado Maresia
É de noite. É de dia.

Colisão

Irrita
Incita
Grita
Faz fita
Xinga
Se vinga
Quebra a ordem prevista
Absolutista
Abre os braços protesta
Detesta esse modo de ser
Descarrega a adrenalina
Tudo imagina
Desatina
Vai até a esquina
Se revolta
Volta
Tem pressa
Se estressa
Fecha a porta do quarto
Foge do ato
Farto
Saco!
Nega um abraço
Pega um atalho
Toma uma aspirina
Depois exausto
Se deixa vencer
Pelo cansaço
No meio da noite
Desperta
Dá de testa com o espelho
Detesta a imagem que vê
Pentelho!
Como açoite
Usa a palavra certa
Para voltar a morder
Medindo força e poder
Faz que não vê
Liga a tevê
Presta atenção em tudo
Fica mudo
Faz-se de surdo
Fica quieto no escuro
Por não saber o que fazer
Num último recurso
Corre para a janela
Olha a rua deserta
Lá fora
A natureza a chover
Parece amolecer
O coração empedernido
Por tantos embates
Esse amor verdade
Na realidade
Em rota de colisão
Paixão violenta
Turbulência
Causando avaria
Não avalia
O estrago que pode fazer
Calmaria
Alivia
Alicia
Alia a dor e o prazer
No eterno dilema do ser ou não ser!

Quem eu sou. De onde venho. Para onde vou.

 “eu venho das dunas brancas, onde eu queria ficar”

Eu venho do alto da serra
De algum lugar
Eu venho do mar
Sou o que sou
Não posso negar
E o que quero ser
Eu vou lá buscar

Eu sou aéreo
Eu me quero lépido
Faço da vida um brinquedo sério
Trato de me esbaldar
Ser a natureza bruta
Não me assusta
Vivo a vida na medida justa do prazer

Eu sou no fundo emoção
Sou da noite a canção
Sou sensível pra valer
Sou o que tinha de ser

Sou do luar o clarão
Sou das estrelas a atração
Sou do mar o mistério

Eu sou etéreo
Sou do tempo o instante
Sou transitório sou errante
Sou de hoje sou de antes
De natureza intrigante

Sou da rosa o olor
Do sol o esplendor
Do vento sou o furor
Sou do sertão o clamor
Do litoral sou frescor
Sou da guerra o pavor
Sou da paz defensor
Sou de tudo capaz
Quando me apraz

Sou do coração o amor
Sou do corpo o calor
Do sexo o tesão
A loucura e a paixão
Da vida sou a razão

Ao barro do chão
Ao fundo da terra
Vou retornar
Adubar e florescer
Numa nova velha ilusão
Numa velha nova canção

NOITES DE SOLIDÃO

Quem dera
Fosse uma simples quimera
Mera projeção
De loucas fantasias
Que na imaginação
Fica durante eras
Adormecida no porão
De lentas agonias
Para despertar
Da eterna letargia
Num rasgo de emoção
Num frêmito de gozo
Pelo calor do deserto
No auge do desespero
Das noites de solidão!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

GAIOLA DOURADA


Aquela prisão não lhe cabia
Sabiá Biá sabia que viveria
Pra um dia acontecer
De se libertar
De fora pra dentro
De dentro pra fora
Ela a toda hora queria
Mas ao mesmo tempo temia
Soltar as amarras
Romper as grades da prisão

Aquela prisão não lhe saía
Sabiá Biá sabia e tremia
Porque queria e temia
Que não pudesse suportar
A liberdade que não conhecia
E ao ver o horizonte ao longe
E não sabendo o que fazer
Solta na amplidão
Sentisse falta
Da falsa segurança do grilhão

E pedisse para que lhe cortassem as asas
Para não ter que voar

E pedisse para que lhe furassem os olhos
Pra não ter que ver
O que há além dos muros da prisão
Que tanto a fascina e apavora

Aquela prisão não lhe valia
Sabiá Biá sabia e doía
Que depois ia voltar
Derrotada para a gaiola dourada
Onde não corre riscos
Não precisa lutar pelo alpiste
Mas também não prova dos petiscos
Onde pode cantar sem temor
Um canto triste
Sem alegria
Sem amor

Aquela prisão não lhe batia
Sabiá Biá sabia e fervia
De vontade de arriscar
Mas continuava ali
Presa ao chão
Inerte
Sem vontade de viver
Sem coragem para morrer
Inventando um tempo muito além
Para mudar
No sonho projetado na cabeça
Sempre adiado
Impedido de se concretizar.

Aquela prisão não lhe pertencia
Sabiá Biá sabia e estremecia
De contente
Pois achara um estímulo
Um motivo para ir em frente
Pra vencer a inércia,
Expulsar o marasmo
Com entusiasmo e decisão
Romper de vez as grades da prisão
E seguir na direção do sol
De um novo dia.

Sabiá Biá sabia.

EFEITO CARACOL

De casa em casa
De déu em déu
É preciso asa
Pra chegar ao céu

De rua em rua
De cara pra lua
A culpa é sua
Que não viveu

De cidade em cidade
Vão-se a idade
E a vaidade
De quem já morreu

sábado, 5 de dezembro de 2009

Beijo roubado


Aquela boca me olhava
parecendo enxergar
O que os olhos estavam
a me falar

Sua boca crescendo
Se agigantando
Na minha frente
Não me deixava pensar
Noutra coisa que não fosse
O desejo de beijar

Que tentação!

Eu roubei um beijo
E toquei seu coração!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

DE DÉU EM DÉU


Era uma sala muito engraçada
Não tinha teto. Não tinha nada
Não tinha piso. Não tinha paredes.
Não tinha cama. Não tinha redes

Mas tinha tapetes mágicos para voar
Sem sair do chão
Dando asas à imaginação

“Plunct Plact Zum
Não vai a lugar nenhum!”.

Uma porta para entrar. Uma janela para espiar
Era mesmo uma sala muito engraçada.
Nela ninguém fala. Calada. Fica surda. Muda.
Não tinha cerca para pular
Nem tinha muro para pichar
Mas nela se varam as noites
Em longos e intermináveis embates
Chats

Sem poder falar. Escreve-se freneticamente.
E o barulho seco das teclas.
Quebra o silêncio das madrugadas.
Plugada
Navega-se nesse mundo estranho e mágico
onde

Sem abrir a boca gargalha
kkkkkkkkkkkkk

Com um simples movimento do dedo
tapas, socos na cara
bofetões no desafeto.
Plaft! Plaft! Plaft!

Sem derramar uma lágrima
Chora-se copiosamente.
snif snif snif buá buá buá

Sem mover os lábios
Sonoros e tórridos beijos de amor.
Smash! Smash!

Teclas brancas
Febrilmente acionadas
Por mãos nervosas, ansiosas.
Fazem tudo parecer tão real!

Quero entrar nesse mundo virtual Legal.
Mas não há vaga. Salas lotadas.
Vago então por outros temas. Outros lugares.

Idades. Cidades. Amizades. Quanta variedade!
Qual sua idade? Teclas de onde? Qual seu bairro?
O que procuras aqui? Que queres de mim?
Só isso?
Aff! Não estou a fim.

Esoterismo. Será que o seu signo combina com o meu?
Virgem! Sou de Buenos Aires. Digo Áries.
Escorpião. É o cão quem vai.
Sai de baixo que não sou otário. Sagitário.
Se quer um capacho. Acho que escolheu errado. Centauro.
Para lhe agradar tendo duas caras e um gênio difícil. Mas não sou de Gêmeos.
Diz que da no couro como o Touro. Mas não tem porte de rei. Só ruge como o Leão. Pra pesar os prós e os contra, ponha na Balança.
Mas como hoje é quinta-feira, vai à luta, ver a lua no céu e comer Caranguejo.
Com cerveja gelada e Peixe assado, uma Tilápia de Aquário.

Romance a moda antiga. Não me diga!
Quer ser minha Julieta? Eu posso ser seu Romeu
Eu em! Que coisa mais antiga! Não castiga!
Não me absorva. Sou cachorra.

Aventura. Estou à procura.
Qual vai ser o lance?
Mim Tarzan. Você Jane.
Vamos fazer uma fita? Também tem a Chita.
Não me irrita! Não amola Frajola!

Não deu agora. Passa fora
Parte pra outra cantada.
Quem sabe outra sala.

Encontro. Sexo. Namoro.
Olha o decoro! Nessa eu estudo.
Vale tudo. Ao contrário da música
Vale até dançar homem com homem
E mulher com mulher
Larga do meu pé! Carrapato. Sapato.
Quero cafuné!

Religião. Qual que é irmão! Essa não!
Não tenho medo nem do cão!
Vamos fazer uma oração?
Orar é a solução. Para abrandar o coração
Quero sermão não brother. Respeite o meu ateísmo.

Voyerismo. Que é isso?
Deixa pra lá. Não cisma.
Quero só dar uma espiadinha! Rapidinha.

Pera.
Vou sair um pouco. Mas volto já.
Ta.
Até lá.

Olho. Espio. Espreito.
Curiosa e destemida. Amadora.
Abro a Caixa de Pandora.
Sem medo do que vou encontrar.

E agora?
Espero a hora de dar o bote certeiro.
Quanta demagogia!
Procuro um jeito de burlar a tecnologia.
Parece magia.

Opa! É a minha vez. Alguém saiu.
Parece que desistiu. Voltou. Não achou
Estava à procura de uma outra sala. Que nada!
Que mala!

Consigo entrar finalmente.
Ainda não sei bem o que tenho em mente.
Estou entrando num ambiente estranho. Um mundo novo. Recente.
Sinto que preciso conhecer as regras do jogo. Ser esperto. Saber jogar
Burlar as cascas de banana. Livrar as armadilhas.

Não ser nunca como ilha. Buscar contatos imediatos.
Armar o bote sem futuro. Rever o que ficou pra trás.
Pra não errar mais. Fala sabichão!

Desencadear a emoção. Despertar paixões urgentes.
Beber o veneno da serpente.
Sai da frente que atrás vem gente.
Aqui a vida tem pressa de acontecer.
Mesmo sem conhecer

Brincar com a verdade
Fazer malabarismos com as palavras.
Opinar sobre tudo
Dizer pouco de você.
Ter o dom de iludir.
Não ter vergonha de mentir.
Tudo o que você economizou até hoje em palavras de amor
Vai ter que gastar numa noite.
Não poupe elogios.
Massageei o ego das pessoas.
Ame-as como se elas estivessem na sua presença.
Ao vivo e a cores
Como se realmente fossem seus antigos amores.
Não importa há quantos minutos vocês tenham se conhecido.
Não se mostre esquecido. Lembre sempre algum fato.

Mesmo que precise mentir. Inventar. Use a imaginação para criar algo novo. Inusitado. Original. Esse é um mundo de fantasias com um pé na realidade.
É proibido falar a verdade. Não dê pistas que levem até você.
Na real. Não é legal.

Pra todos os efeitos você encontrou agora o par perfeito.
A pessoa da sua vida.
Você nunca viveu isso antes.
Você nunca viu nada igual. Nem parecido.
É inédito
Viva intensamente as emoções da hora
Nunca dê um fora
Conte uma comovente e bela história
Pra justificar suas ausências
Morra muitas vezes. Mate sua família todo dia, se for preciso.
Pra livrar sua cara. Faça qualquer coisa. Invente. Tente.
Não tenha vergonha de dizer que está perdidamente apaixonado.
Ela também finge quando diz que acredita.
São as regras do jogo.
Diga que não sabe mais viver sem a presença dela
Que aprendeu a transcender o material
Se desligar do físico
Que consegue ver além.
No plano espiritual.

Que ironia mortal!
Quanta coincidência. Decerto já viveram outras vidas juntos
Por isso têm tantos assuntos. Ela é o amor da sua vida
Sua alma gêmea.
Que fêmea!

Vida efêmera
Diga sempre o que ela quer ouvir
Seja cínico e pródigo
Dê a cada uma conforme suas necessidades
Se você finge de cá, ela finge de lá.
Cada um no seu papel
Amanhã vou fazer rapel!

Não esqueça que isso é um jogo
Onde toda mentira parece verdade
E toda verdade é escamoteada
E todos estão ali para desconfiar de tudo
E acreditar no que lhes convém.
Olha o trem! To voltando pra cidade!

Da dura realidade
Todos estão fartos.
Fugindo para um mundo de ilusão
Que parece ser a salvação
Vá na contramão.
Crie coragem e atravesse logo esse portal
Afinal, que mal há nisso?
Se for por isso você nem sabe quem ela é
E ela também não conhece você

Então vamos fingir
Fugir para uma outra dimensão
Esqueça a razão. Deixe a emoção falar mais alto

Aqui você pode fingir que é amada, querida, irresistível.
Uma Angelina Jolie a procura do seu Brad Pit

E ele pode se achar “O cara”. O pegador. Que nunca nega fogo.
O próprio Richard Gere atrás de uma linda mulher

“Aqui tudo é proibido”.
Aliás, eu queria dizer.
Que tudo é permitido”
Até beijar você no escuro do seu quarto
(de uma forma não muito convencional)
Onde ninguém lhe vê
Pensando em quem está longe do seu alcance
Esse é o lance!
Avance. Avante!

Esqueça de vez a modéstia. Afaste quem te molesta
Liberta, dê uma festa em sua homenagem.
Faça uma tatuagem com seu nick da hora
“Escreva num pano em palavras gigantes”
Uma frase cunhada em fogo
Chamando a atenção
E então comece a azarar

Mas tenha cuidado
Siga as regras do jogo
Pra não se queimar

Nunca fale que é dentuço Que tem buço
Nariz adunco de ave de rapina
Imagina se ela ainda vai querer saber de você!

Que parece mais um urso de tanto pelo.
Desespero!
Que dorme roncando
Vá sonhando! Ela vai sair correndo.

Que fala comendo. Que vive roendo as unhas.
Que tem pé chato. Que é careca. Disfarçado. Mal educado.
Sem testemunhas, tira meleca do nariz.
Anda com meretriz. Em más companhias.
Tem muitas manias. Manhas.
E outras mumunhas mais
Pois isso não se faz!

Nunca diga que é viciado em coca. Não cola. Não rola
Que não da conta do recado. Que pega resfriado. Mau olhado.
Aff!. Ta cortado.

Que tem pigarro. Que não larga do cigarro.
Ai que sarro! Ta bichado

Que ama o seu carro
mais do que tudo nesse mundo.
Que senta frente à TV
Pra ver futebol todo domingo.
Bingo! Dessa eu me vingo!

Morra mas não diga
Sua idade real
E se alguém descobrir desminta
Diga que é mentira
Intriga da oposição

Nem morta!
Nem sob tortura confesse
Que você adora bater pernas no shoping
E comprar tudo que anuncia na TV
Pior que doping de atleta! Melou a cueca!
kakakaka
Ele vai sair zoado
Procurando um buraco pra enfiar a cabeça
Pra que você o esqueça
Maledeta!

Risque a palavra “casamento” do seu vocabulário virtual
É fatal!
Faz desencadear o surto de A1C1
Que deixa o cara para sempre de coma
Na UTI do hospital
De onde só vai sair pro seu funeral.

Fuja de perguntas como
Você é hetero, bi ou lesb?
Qual que é? Nem sou homo, nem bi, nem tri, nem tetra.
Sou hexa
Hexa campeã em aturar chatos na web
hehehehehehehehehehe
Essa foi boa!
Mereceu ouvir.

E deixe fluir
Deixe rolar sem pensar no que vai dar
Até que o alvor da madrugada
Com sua luz estonteante
Espante as sombras
Quebre o encanto
E faça você voltar a encarar
A chatice e dureza das coisas sem subterfúgios
Sem sortilégios
E você se levante para mais um dia
De rotina estressante
E tenha que encarar o tédio
Até que a noite, por piedade.
Traga o remédio!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Fogo amigo

O fogo que queima e destrói
é o mesmo que acende a fogueira
das paixões
ilumina as mentes
e purifica os corações.