quinta-feira, 6 de março de 2014



 Teu corpo



Do teu corpo nu
Emana uma luz intensa
Que me ofusca e me encanta

Umas vezes

Como um sol que se levanta
Por detrás das montanhas sinuosas
Do teu corpo
Em êxtase

Noutras 

Como um sol que mergulha
Nas entranhas dos vales
Úmidos e férteis
Do teu corpo em repouso
Após o gozo.










 Ao meu pai

Cansado de se debater
Pelos quatro cantos da casa
Deu asas à imaginação
e foi extravasar sua dor
Pela imensidão...





NA.  Ao meu amado pai que voou para outra dimensão no dia 21 de fevereiro de 2012. Saudades eternas.


 Sobre a arte



A arte não tem compromisso com a sanidade
A arte é a loucura que se manifesta
Em tons, cores e formas
como frutos dos desvarios
de mentes em delírio.









 Quatro Estações


Se envelheço
Não me apercebo
Esqueço
Não vejo
Não vi

Vivo como se ainda fosse
Primavera
Quem dera o outono
Não sucedesse o verão
E o frio inverno não trouxesse
O vento
A chuva
O nevoeiro

O espelho
Mostra os sinais

Muitos verão
Já viram
Veem
Só eu
Não

Me vejo com os olhos da alma
Rejuvenescida
Ainda em plena primavera
Esperando o sol chegar
Para viver
Outras estações.



 Do meu próprio punho


Do meu próprio punho
da minha própria cabeça pensante
no instante mesmo
em que me vejo
mais uma vez
pensando em tanta coisa
que quero
preciso
desejo
lhe falar com palavras escritas
ditas
ditadas com o coração
pensadas com a cabeça prenhe de ideias

dizer da delícia que é
ser sua
ter o seu amor
a sua companhia

dormir sentindo o calor do seu corpo
colado ao meu

acordar e ver que a realidade se impõe
além do sonho
e você, inda a dormir,
está mesmo
de carne e osso
ali ao lado

sentir sua respiração calma
ver sua expressão serena, tranquila
de alguém totalmente entregue ao sono
confiante no amor de alguém
com quem divide a cama, a noite, a vida

Vida a que
você trouxe sorriso
alegrou

Vida a que
você deu cor
coloriu

Vida a que
você deu luz
iluminou